A coordenadora do Ensino Infantil, Priscila de Moraes, conta sua história com a educação dos pequenos, em um relato que rende lições atemporais para quem educa
“Estou na Escola do Futuro há 17 anos. Me lembro do dia que entrei como professora… na sala do meu filho. A escola já tinha uma estrutura organizada e ao chegar vi que algumas coisas poderiam ser modificadas no processo ensino-aprendizagem. Educação é esse mover constante. A coordenadora na época, Paula Castro, foi uma líder maravilhosa e me permitiu conduzir o planejamento de modo diferenciado. Tenho certeza que este apoio foi um diferencial para que eu pudesse criar possibilidades com mais significado para meus alunos. Para o desenvolvimento das crianças o meu foco, na profissão de educadora, é significar os aprendizados. Deste modo os alunos aprendem de modo natural, assim como fazemos com a imersão no inglês, tem contexto, tem significado, tem mão na massa. Os alunos aprendem fazendo e se divertindo.
Muitas mudanças ocorreram em aspectos históricos, físicos, pedagógicos, humanos e processuais, me levando a refletir sobre os aspectos da educação atemporais e que fazem toda a diferença para as crianças se desenvolverem de modo saudável e feliz, consigo e no mundo.
Para homenagear os 25 anos da Escola do Futuro, organizei essa “educação atemporal” em 25 itens essenciais para a formação da criança. São conceitos que foram bons ontem, o são hoje e continuarão para o futuro.”
1 – Desenvolver a fé. É muito importante a fé para as crianças. Com nosso exemplo elas aprendem a confiar, a ter empatia e a acreditar que são possíveis a bondade e o amor entre as pessoas.
2 – Falar e ouvir sobre sentimentos. Ensinar as crianças a falar sobre seus sentimentos, aprendendo a reconhecer e a entender o que pode fazer em cada situação, as prepara para ser um adulto consciente de suas emoções, com maturidade e regulação para os desafios da vida. Ouvir sobre como ela causou algum sentimento no outro e como pode reparar se foi algo negativo desenvolve a empatia.
3 – Ser gentil. Gentileza é fundamental para qualquer relação humana. Muitas vezes nos esquecemos como ser gentil em um momento de conflito, e as crianças estão sempre observando e criando suas hipóteses para resolver os problemas que enfrentarão a partir, muito mais do que observam em nós, do que pelo que falamos. Precisamos de gentileza, sempre.
4 – Ter rotina. A criança se sente segura na rotina. Ela precisa entender que está sendo cuidada e a rotina garante isso. Claro que dentro de uma rotina, na escola e no lar, é possível criar possibilidades novas, por exemplo, na hora do jantar… “hoje vamos comer em forma de picnic”. Mas continua sendo hora do jantar, juntos.
5 – Ler juntos. O hábito de ler deve ser desenvolvido desde pequeno. Ver os pais lendo, ir escolher livros em uma biblioteca ou livraria, desenvolver curiosidade sobre a leitura e consequentemente pelo mundo é importante.
6 – Cozinhar juntos. Preparar refeições e pratos ensina a criança a seguir procedimentos, criar, entender mudanças, se organizar e desenvolver os sentidos. Isso favorece a experimentação de diferentes alimentos e aguça a curiosidade.
7 – Ter experiências diferentes. Acampar, fazer fogueira, tricotar, pintar uma caixa enorme, conhecer um laboratório, um museu… proporcionar momentos diferentes para que a criatividade e a imaginação possam atuar no aprendizado.
8 – Conhecer e falar sobre diferentes culturas. Entrar em contato com diferentes culturas auxilia a ver o mundo de outras formas, desenvolve o respeito e cuidado com o outro.
9 – Fazer exercícios. Se movimentar com a criança. Todos sabemos como é importante ter uma rotina para se exercitar. A saúde fica melhor e o emocional também, além de alguns esportes colaborarem com a disciplina e colaboração.
10 – Realizar ações sociais. Mostrar para a criança a importância de nos responsabilizamos pelo mundo. Se cada um fizer a sua parte, podemos mudar a realidade de vida das pessoas.
11 – Usar as palavras mágicas: por favor, obrigada, com licença, me desculpe. Usar, para serem usadas pelas crianças.
12 – Reconhecer os próprios limites. Mostrar para a criança que é importante perceber que todos temos limites e precisamos falar sobre eles e deixar claro para os outros. Mostrar que alguns podemos vencer, mas que outros podem incomodar e tudo bem falar sobre isso e pedir para ser respeitado.
13 – Aprender com os erros. Conversar com a criança sobre os erros que acontecem e como podemos fazer diferente, falar sobre o que se aprendeu em alguma situação reconhecida como errada. Conversar sobre processos de reparação e realizá-los.
14 – Buscar parceria família-escola. Isso é importante para o bem-estar geral. A escola sempre quer o melhor para a criança e a família também. Conversar sobre expectativas e dúvidas é importantíssimo para que a criança perceba que se encontra em ambientes que conversam entre si e procuram o melhor para ela. Dá consistência para o processo de aprendizagem e segurança.
15 – Realizar apenas o que a criança não pode fazer. Desenvolver autonomia nas crianças desde bem pequenas é fundamental para que cresçam seguras e com autoestima fortalecida. Não devemos fazer pela criança aquilo que ela já pode fazer por si.
16 – Ser firme. Ao sermos firmes com a criança demonstramos o que ela precisa fazer. Desenvolve sua confiança nos adultos que cuidam dela. De modo nenhum significa ser desrespeitoso. Firmeza dá segurança para a criança se desenvolver com tranquilidade.
17 – Valorizar processos. Vivemos em uma cultura de resultados e por vezes deixamos de valorizar os momentos que antecedem esses resultados. Os processos são os momentos que estamos vivendo juntos e precisamos mostrar para as crianças que muito mais importante que finalizar algo é o processo do fazer, com atenção e dedicação.
18 – Respeitar o tempo da criança. As crianças têm um tempo diferente do adulto, já percebeu? Experimente perguntar algo para uma criança e conte mentamente até três. Então você terá sua resposta. Quando ela não responde, logo perguntamos novamente, na nossa pressa de ser e ter. Elas têm um outro tempo e precisamos respeitar isso.
19 – Ter paciência. Ensinar paciência para as crianças é muito difícil. Nem sempre nós temos paciência e a criança aprende por modelos. No trânsito, na fila, em um atendimento, elas estão nos observando e aprendendo a ser pacientes.
20 – Dar o melhor de si. Precisamos mostrar para nossas crianças a importância de darmos o nosso melhor em todas as situações, de sermos diligentes e dedicados.
21 – Permitir a frustração. Muitas vezes achamos que amar é não permitir que a criança se frustre. Mas é bem o oposto disso. É necessário acompanhar sua frustração ajudando-a na regulação dos sentimentos. Cada idade tem suas frustrações e permitir essa vivência a fortalece para as novas frustrações que com certeza virão. Contudo, tendo vivido cada etapa, os desafios passam a ser enfrentados na proporção esperada de cada idade. Pular processos cria desafios desproporcionais da próxima fase de desenvolvimento.
22 – Desenvolver o espírito de competição adequado. Como é difícil perder! Para uma criança, mais ainda. Ela precisa de ajuda constante para regular o sentimento de perda, acreditando que fez seu melhor e que participar do processo também é um ganho enorme.
23 – Responder às dúvidas das crianças. Sempre responder às dúvidas das crianças. Se não souber a resposta ou como responder, se informe e busque ajuda para fazer isso de acordo com cada idade. Porém, nunca deixe de responder. Ela se sente ouvida e validada na sua curiosidade de mundo.
24 – Mostrar que todos temos direitos e deveres. Falar com as crianças sobre os direitos que ela tem e o de cada um na sociedade é importante para ela aprender a se colocar neste espaço de cidadã. Mostrar que de modo respeitoso sempre devemos exigir que nossos direitos sejam garantidos, assim como os das outras pessoas. E além disso mostrar que os deveres andam juntos e dependem de cada um para que sejam cumpridos, como cuidar na natureza, por exemplo.
25 – Ser exemplo. Por fim, seja um exemplo. De tudo o que foi colocado, se formos exemplos para as crianças tenho certeza que um futuro positivo estará garantido para ela e para o mundo.
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