A participação ativa e envolvida dos pais contribui significativamente para o desenvolvimento integral das crianças

O papel do pai na educação dos filhos é fundamental e multifacetado, englobando diversos aspectos emocionais, sociais e intelectuais. Por muito tempo, a sociedade acreditou que as mães tinham mais importância na criação dos filhos, cabendo aos pais a responsabilidade pelo sustento material da família, porém hoje a realidade é outra já que muitas mulheres trabalham e igualmente investem financeiramente nos gastos da casa. Além disso, a consciência de que a formação das crianças deve ser compartilhada igualmente entre ambos os pais vem ganhando cada vez mais força entre os casais e a sociedade.
Pai moderno
Angel Higuera, que é professor na Escola do Futuro Brasil, conta que teve uma experiência boa com o seu pai, mesmo vindo de uma família ‘tradicional’, onde o homem era o provedor da casa e, por isso, passava a maior parte do tempo trabalhando. “Quando meu pai estava presente tenho ótimas recordações, desde jogar um jogo de tabuleiro ou baralho a sair para passear ou jantar em algum restaurante. Hoje, quero sem dúvida alguma aprimorar essa experiência de paternidade. Venho tentando repetir aquilo que julgo que foi um acerto e tento corrigir e melhorar aquilo que entendo que não foi legal. Quero ser um pai mais presente, quero participar da educação e criação dos meus filhos como um todo”, conta.
O pai orgulhoso de Maria Clara (10 anos), de José (8 anos) e Stella (2 anos) exerce uma paternidade mais moderna, pois faz questão de trocar as fraldas dos filhos, colocar para dormir e ficar acordado de madrugada quando precisam de algo. “Diferente da minha família original, onde meu pai trabalhava fora e minha mãe ficava com os afazeres domésticos. Eu e minha esposa trabalhamos fora e partilhamos dos desafios domésticos juntos. Uma outra coisa que faço diferente do meu pai é que falo absolutamente todos os dias que amo meus filhos, algo que só fui ouvir do meu pai, depois de velho”, explica o educador da EDF.
Os benefícios do pai presente
A psicologia reforça a importância do papel do pai na educação e formação dos filhos, evidenciando que a participação ativa e envolvida dos pais contribui significativamente para o desenvolvimento integral das crianças. Um pai presente pode oferecer apoio emocional, estímulo cognitivo, orientação moral e social, e ajudar a promover um ambiente familiar saudável e equilibrado. “Sem dúvida alguma, sei que cada família tem sua dinâmica de funcionamento e não posso julgar qual é a melhor maneira de criar seus filhos. Mas o que posso afirmar é que tanto o pai quanto a mãe têm um papel fundamental e insubstituível na formação deles. Infelizmente ou felizmente um não substitui o outro. Lá em casa, embora a balança não seja 50/50, tento me esforçar para deixar o mais equilibrado possível. Eu diria que é 60/40”, detalha o professor.
A figura paterna pode trazer benefícios significativos para o desenvolvimento dos filhos, como o bem-estar psicológico. Crianças com pais presentes e envolvidos tendem a apresentar menos problemas comportamentais, como agressividade e delinquência. A relação paterna positiva está associada a menores níveis de depressão, ansiedade e outros problemas de saúde mental na infância e adolescência. A teoria do apego de John Bowlby e Mary Ainsworth destaca a importância do vínculo seguro com os cuidadores, incluindo o pai, para o desenvolvimento emocional saudável. Já Estudos Longitudinais têm mostrado que a participação paterna desde cedo está associada a resultados positivos ao longo da vida, incluindo sucesso acadêmico e profissional, bem-estar psicológico e relacionamentos saudáveis.
Segundo Eliton Deola – ex-goleiro do time de futebol Palmeiras, que é pai de Letícia, de 15 anos, estudante da EDF -, o pai é o maior educador da criança e hoje essa função é muito confundida com a importância e o dever da escola. “A escola ensina, mas é o pai quem educa, cria, molda. Quando o pai não se faz presente, a criança fica muito mais vulnerável a ser moldada pela TV, pelos colegas ou até pior, pelas redes sociais. Um pai presente vai trazer um porto seguro para o filho onde ele vai servir de trampolim para fazer o filho chegar cada vez mais longe”, explica.
Para o jogador, ser pai é um grande presente de Deus, o maior amor da vida, mas também é uma grande responsabilidade. “É acompanhar alguém desde o nascimento, que seguirá os meus passos, sendo moldado dia a dia por minha conduta, valores e princípios. Eu saí cedo de casa, aos 14 anos, porém a minha influência paterna foi muito intensa e importante nessa fase em que meu caráter precisava ser moldado. Foi o suficiente para ficar longe do maior problema do mundo, as drogas! Eu era um jovem sozinho a quilômetros de distância dos meus pais, em meio a saudade, havia influências boas e ruins, de todos os lados, consegui passar ileso por isso. O contato físico não era constante, devido à distância, mas meu pai sempre esteve presente, na medida do possível, nas ligações e orientações diante das mais diversas dúvidas”, detalha.
Tempo de qualidade e palavras de afirmação
Quando um pai oferece tempo de qualidade para os filhos, conversando, participando de jogos e brincadeiras, ajudando nos estudos, passeando, entre outras atividades juntos, ele transmite a seus filhos maior segurança emocional. Já que a presença ativa dele proporciona às crianças uma sensação de segurança emocional, fundamental para o desenvolvimento de uma autoimagem positiva e confiança. Pais envolvidos ajudam os filhos a aprenderem a lidar com emoções complexas e desenvolverem habilidades de regulação emocional.
Para Eduardo Medonça, Executivo de Tecnologia e pai de André (14) e Nicole (10), que estudam na Escola do Futuro, é muito importante oferecer aos filhos tempo de qualidade e palavras de amor, para que se sintam protegidos e tenham retaguarda no que fizerem, se sentindo seguros para procurar os pais no que precisarem. “Isso é fundamental para se sentirem acompanhados e criar laços fortes e reais entre pai e filhos. A palavra de afirmação/elogios e o amor criam confiança! O meu pai sempre foi muito presente e eu sempre procuro ser, mas percebo que há homens que não são presentes com seus filhos o tanto quanto deveria”, completa.
Apoio no desenvolvimento escolar
A maior participação dos pais na vida dos filhos traz inúmeros benefícios com o desenvolvimento cognitivo, social, moral e ético. Estudos mostram que crianças com pais engajados tendem a ter melhor desempenho acadêmico, maior motivação para aprender e atitudes mais positivas em relação à escola. Essa interação regular e positiva ajuda as crianças a desenvolverem habilidades sociais, como empatia, cooperação e resolução de conflitos. A participação do homem é crucial para transmitir valores e princípios éticos, ajudando a moldar o caráter e a moralidade dos filhos. Além disso, a presença paterna ajuda a estabelecer e reforçar regras e limites, proporcionando um ambiente de disciplina equilibrada.
O professor Angel Higuera salienta que os alunos que têm uma família ‘funcional’ apresentam muito menos dificuldade em sua formação. “Acredito que a família seja a primeira e mais importante fonte de educação para as crianças. Se essa primeira etapa não foi bem solidificada em suas vidas, certamente apresentarão dificuldades com o passar dos anos. O que mais vemos nos dias de hoje são pais ausentes, muitas vezes porque trabalham demais, e chegam em casa tarde e cansados e não querem gastar seu tempo educando, corrigindo e dando limites, que nada mais é do que uma forma de demonstrar amor. Com isso tentam compensar essa ausência com coisas materiais e telas, e para poder comprar as coisas materiais precisam trabalhar mais e consequentemente se ausentam mais e aí compram mais e assim vivem nesse ciclo vicioso sem nem se darem conta disso”, completa.
Exemplo divino
A paternidade é tão importante que na Bíblia é um tema central, onde Deus se apresenta repetidamente como Pai. Isso sublinha a importância da paternidade e oferece um modelo para os pais humanos. Por isso, a paternidade divina é um bom modelo a ser seguido, pois dá: Amor Incondicional, oferecendo um modelo de amor e aceitação que os pais humanos são chamados a imitar; Guia e Protetor, por dar orientação e proteção; Disciplinador Justo, pois Deus disciplina Seus filhos para o seu bem (Hebreus 12:5-11), mostrando que a correção deve ser justa e com o propósito de mudança e crescimento; e Provedor, garantindo que as necessidades de Seus filhos sejam supridas (Mateus 6:26-33), da mesma forma, os homens devem se esforçar para prover para suas famílias.
Além disso, ser pai pode trazer muitos benefícios para o homem, tanto em termos emocionais quanto em desenvolvimento pessoal. A paternidade proporciona uma oportunidade única de formar um vínculo profundo e significativo com os filhos, o que pode enriquecer a vida emocional dele. Segundo uma frase do escritor Fernando Guifer, ser pai é “descobrir que o amor incondicional existe e o maior e mais sincero de todos está bem diante do nosso abraço”.
