
Para potencializar o traço de caráter econômico é necessário exercer moderação e temperança
O equilíbrio consiste em encontrar a sensatez entre dois extremos, evitando tanto o excesso quanto a privação
Segundo Aristóteles, um dos mais importantes filósofos da Grécia Antiga, que viveu no século IV a.C., a moderação consiste em encontrar o equilíbrio entre dois extremos, evitando tanto o excesso quanto a privação, por outro lado, a temperança envolve o controle dos desejos e apetites, resistindo às tentações e evitando comportamentos viciantes. Quem exerce essas virtudes desenvolve uma consciência aguçada de suas ações e escolhas. Por isso, não dá para ser uma pessoa econômica, sem que também seja moderada e aja de forma equilibrada, sem exageros.
Para o filósofo, cultivar esses traços de caráter dá ao indivíduo a capacidade de ser ponderado, evitar os excessos prejudiciais, controlar impulsos e desejos e, desta forma, se antecipar a futuros problemas. Uma pessoa comedida assume o protagonismo de sua própria vida, se responsabiliza pelas suas escolhas e consequências, e se esforça para desenvolver um caráter sólido e ético. Outras consequências positivas relacionadas a esse tipo de comportamento são autocontrole, disciplina e habilidades de tomada de decisão consciente. Esse equilíbrio traz maior consciência de responsabilidade nas ações, pois a pessoa se esforça para estar no controle de suas atitudes de forma que busque a realização de seu potencial ao máximo.
Encontrar o meio-termo
O excesso nem sempre é bom, como por exemplo: no uso do dinheiro sem economia; no exagero ao se alimentar; no uso excessivo de eletrônicos, celulares e redes sociais; na má administração do tempo (desorganização e procrastinação de atividades necessárias), entre tantas outras coisas. Por isso, é tão necessária a moderação, que leve ao meio-termo entre dois extremos, trazendo controle a impulsos que não são benéficos e levam ao exagero.
Quem age com prudência é como aquele jogador de xadrez, que antecipa a jogada do outro e planeja bem suas próximas ações, na busca pelo melhor resultado da partida. Mas, para isso, ele precisa exercitar a qualidade de quem atua comedidamente, com cautela; sem ansiedades e urgência ou a prática de exageros, permanecendo na medida certa.
Saber controlar os excessos e estar plenamente atento às tentações/paixões, que levam a atitudes impensadas e exacerbadas, vem junto com a sobriedade das atitudes e decisões, que evitam o desequilíbrio. Para tanto, é preciso o exercício do autocontrole, autodomínio, renúncia e também da moderação, que equilibra as emoções, doméstica os instintos, sublima as paixões, organiza os desejos, moderar os impulsos e apetites.
Neste quesito, o extremismo, que consiste numa posição radical em relação a alguns assuntos, que são prejudiciais e até mesmo perigosos, são o oposto da temperança. Como quem é consumista, compra tudo que gosta, sem pensar em como vai pagar, ou quem come demais, sem equilibrar os tipos de alimentos, consumindo gorduras e açúcares em excesso, pode não ter o corpo ‘sarado’ que gostaria ou ficará propenso a problemas de saúde e, inclusive, adquirir doenças crônicas.
Mudança de hábitos
A moderação e a economia andam juntas. Pois, quem não domina as virtudes econômicas essenciais para lidar com o dinheiro, acaba endividado e com dificuldade financeira. Mas, sabendo controlar suas atitudes e ações, não adquirindo além do que realmente precisa ou possa comprar, fugirá do descontrole, melhorando seu desempenho financeiro.
Para William James, considerado um dos pais da psicologia, o cérebro é como uma esponja e pode ser reorganizado frequentemente por meio dos hábitos. Mas, para isso é preciso força de vontade e repetição. E, segundo dados da University College London, nós precisamos de cerca de 66 dias de repetição de alguma coisa para transformá-la em hábito e adicioná-la à nossa personalidade.
Na bíblia também há inúmeros textos que ressaltam que podemos nos tornar pessoas melhores a cada dia. A conversão, que é bastante ressaltada no ensino cristão, ensina que quando a pessoa quer ela pode mudar sua trajetória, seguindo os ensinamentos de Jesus. Semelhante à quando estamos dirigindo um carro e percebemos que o caminho não é seguro, é difícil ou está congestionado, e decidimos fazer uma conversão e mudar a direção do trajeto. Na vida, se nos esforçarmos e exercitarmos as boas virtudes, que levam a busca pelo equilíbrio em todas as áreas da vida, evitando os excessos e vivendo de acordo com os princípios divinos alcançaremos mais êxito.
Há inúmeros textos da bíblia que ensinam sobre prudência e economia, como: “Qual de vocês, se quiser construir uma torre, primeiro não se assenta e calcula o preço, para ver se tem dinheiro suficiente para completá-la? Pois, se lançar o alicerce e não for capaz de terminá-la, todos os que a virem rirão dele, dizendo: ‘Este homem começou a construir e não foi capaz de terminar’ (Lucas 14: 28-30); e “Eis que meu servo procederá com prudência; será exaltado, elevado e sublime” (Isaías 52: 13).
Então tenha força de vontade e decida exercitar as virtudes econômicas, que são moderação e temperança!